quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Por onde anda Jack McFool?

As pessoas me param na rua e me perguntam... as horas. Aproveitam também para perguntar por onde anda Jack McFool, meu amigo imaginário, um leprachaun irlandês com uma vela na cabeça que me acompanhava nos post de "Sonambulismo, e outras Mazelas Sociais". Na verdade, ele me abandonou um pouco antes do fim do blog, tendo criado pela primeira vez na história um amigo imaginário de amigo imaginário, o sino falante Jing O'Bell. Tinha recebido poucas notícias sobre ele, afora que meu amigo imaginário despontava como um expoente da nova geração de diretores de cinema holandeses. Isso me enchia de um orgulho patriota enorme, já que na minha imaginação, eu sou holandês. Aliás, li isso numa matéria imaginária da MONET.

Eis que ontem, Jack McFool retona do seu modo. Eu tava no terraço de um de meus empregos, quando o vejo do meu lado, fumando seu cachimbo, como se nunca tivesse saído dali. Como ele faz parte da minha mente, nem deu boa noite nem nada, se desembestou a falar sobre o que eu estava pensando:

- Imagine um pintor. Ele quer pintar um fantasma, mas nunca viu um fantasma, tudo o que sabe sobre fantasmas é o que contam para ele. É preciso ver o fantasma para saber pintar melhor o fantasma, logo é preciso sentar ali e continuar apagando as partes desinteressantes daquele poster de segurança, porque é preciso conhecer o inferno, para aproveitar melhor o paraíso.
- Você andou sumido, Jack. Como andam os filmes?
- Minha carreira cinematográfica foi pro espaço. Os críticos não entenderam minha última obra.
- Como se chamava?
- "Os Equilibristas", uma história envolvendo amor e corrupção em plena China Imperial
- Parece interessante.
- Mas a cena dos protagonistas fazendo sexo no monociclo assustou os críticos.
- Não imagino o motivo disso.
- É que os protagonistas eram dois homens.
- Ahn.
- E tinha um macaco envolvido.
-Ahn.
- E era uma cena explícita.
- Ahn.
- Mas os críticos são rigorosos! O fato de tudo isso ocorrer no monociclo representava o equilíbrio do homem com a natureza e seus sentimentos! Ninguém me entende!
- Eu sei como é isso Jack, bem vindo de volta.
- É sempre bom retornar. Onde fica o barril de chopp agora?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A Roda

Não sei nem se eu deveria estar escrevendo isso, mas enfim.

A nova moda no Rio de Janeiro são as rodas da fortuna. A roda que meu vizinho criou, que o primo do advogado do pastor da igreja criou, tem sempre uma roda para entrar. Já fui chamado por muita gente para as rodas. Elas tem variados graus de investimento. Cem reais, dez reais, não importa, o que importa é a promessa de que no final você receba oito vezes o valor que você investiu. Isso mesmo, é mágica pura!

... ah sim, você só precisa indicar duas pessoas para estarem na roda com você.

Confesso que fiquei tentado no começo. Pensei um pouco e vi que isso era uma forma primitiva, bem primitiva, de bolsa de valores, de flutuação de mercado. Mas sabe aquele instinto aranha? Depois de falar com várias pessoas (porque eu só entraria em uma roda se já tivesse minhas indicações) fui colhendo depoimentos e pesquisando sobre esses esquemas. E cheguei a algumas conclusões:

- Isso é um esquema pirâmide - "Gênio", você deve estar pensando, mas muitas pessoas, até se achando engraçadas, dizem que é roda, e não pirâmide. Existe no meio empresarial uma diferença muito grande entre Marketing Multi-Nível (MMN) e Esquema Pirâmide. O esquema pirâmide é autofagista, e é melhor representado pela Herbalife. Nele, os próprios distribuidores são consumidores do produto. Na pirâmide, o foco é no recrutamento, o que indica que os produtos são uma porcaria. Redes de MMN de verdade não colocam anúncios em que escondem seu nome, como "Perca peso agora, pergunte-me como". E, acima de tudo, redes de MMN não dão comissões tão altas para indicação, priorizam as vendas. Em pirâmide, o esquema é ridículo: Você é um idiota convencido que pode tanto vender os produtos ou indicar seus amigos e ganhar a comissão deles enquanto fica com os pés para cima em casa. E você convence outros amigos mais idiotas que você. Mas engano seu, eles tiveram a mesma idéia brilhante que você e estão fazendo o mesmo, e quando acharem as pessoas elas farão o mesmo... aliás, você já comprou algum produto herbalife?

Aí vem a questão: "Mas Diego, na roda da fortuna não estamos comprando nada!". O que nos leva para...

Ponzi - Um italiano trambiqueiro que prometia 40% de juros em 90 dias. Você dava 10 dólares, recebia 14, dava 100, recebia 140. A mágica? Muito simples. Eu investia e uma semana depois você investia. Ele tirava do seu dinheiro para colocar no meu. E o seu era preenchido com a vítima da semana que vem, e quando eu recebia indicava para todo mundo falando que dava certo, porque para mim deu. Quando o número de novos idiotas era muito grande, ele parava de fazer isso, ficava com a grana e seguia seu rumo.

A Roda da fortnuna nunca é de valor único. Inclusive, praticamente todo mundo que me indicou a roda falou sobre a "Roda da Barra da Tijuca", onde o investimento inicial é de 1000 reais para um lucro de 7000 (8 mil menos mil). Isso me fez lembrar do esquema Ponzi. A de 20 dá certo, a de 50 dá certo, a de 100 dá certo, mas na de mil...

Números com potência - É meio difícil para o cérebro entender medidas exponenciais, como o decibel. Para o cérebro, é estranho a idéia que a diferença entre 20dB e 30dB é maior que entre 10dB e 20dB. Logo, é meio difícil que as pessoas entendam que é complicado arrumar gente que não tenha paticipado de alguma roda. Se você chega na cabeça da roda, tem 15 pessoas na sua roda, e cada uma delas potencialmente envolve outras 15 pessoas, somando 225 pessoas só no seu nicho. Se o criador da roda começa com 10 pessoas, são 2250 pessoas inéditas que tem que participar. E normalmente essas rodas são locais, você não liga para gente de todo o Brasil para entrar. Logo, as chances de não achar ninguém aumentam com o tempo. Com isso, quero dizer o seguinte: Toda roda tem começo, meio e fim. Se você está no começo, você tem chances de ganhar dinheiro, matematicamente falando. Mas no fim, todo mundo cai no esquema Ponzi, as vezes nem por maldade das pessoas acima, mas porque "a fonte secou".

Então amiguinhos, se vocês querem saber se a roda da fortuna funciona a resposta é: Sim, matematicamente. O problema é que quem entra nessa acha que está com garantia de retorno, o que não é bem assim. Existem muitos fatores, que envolvem saturação do mercado e má fé das pessoas, basta 1 em 14 pessoas da sua roda travar para vc ter problemas, o que significa 7,14% de início, e esse número vai dobrando de acordo com a sua distância com o criador da roda. Pense nisso.

Aliás, uma pergunta que eu fiz para todos que me chamam para a roda: Tem algum papel assinado e documentos que garantam a idoneidade?

domingo, 7 de setembro de 2008

Menina de Ouro é comédia?

Ontem eu fui na locadora e aluguei "Na Natureza Selvagem", com Emile Hirsch e dirigido por Sean Penn. Filme muito bom, que eu peguei na prateleira de lançamentos da locadora, mas já estou preocupado com o destino desse filme quando deixar de ser lançamento. Sua etiqueta de entrada aqui colada é AV-6327-01, o que indica que mais cedo ou mais tarde esse filme acabar na prateleira de AVentura.

Não que não tenha um ímpeto aventureiro a história de um cara atravessando a América de mochilão, mas daí a chamar de Aventura significa poder colocar do lado de Indiana Jones. Por isso, e entendendo as necessidades do cinema moderno de não se prender a fórmulas antigas, a F.D.P., Fundação Diego Paiva, 24 anos levando seu cachorro para passear, criou as novas classificações de filmes para ser colocados nas prateleiras de todas as locadoras do mundo, em parceria com a Cegos, Surdos e Loucos Inc., que não sabemos direito do que se trata, mas pelo nome deve ser uma instituição que permite deficientes postarem em blogs.

Road Movie - Um ou mais personagens devem ir do ponto A ao ponto B. A história se passa nesse trajeto e termina no ponto B, ou nem isso. Pequena Miss Sunshine, por exemplo.

Cantinho - Filmes de microcosmo, onde o genial "Escola do Riso" ficaria em lugar de destaque. Tá todo mundo preso um único ambiente, como "O Iluminado", o recente "O Nevoeiro", e algum outro filme de terror.

Investigação - Uma categoria perfeita para juntar "O Colecionador de Ossos" com "Fargo". Serviria para todos aqueles que adoram reviravoltas do tipo "O tipo de alga encontrada no intestino do cadáver só é preparada na cidade em seu restaurante, Mark. Você o matou!".

Superação - a categoria preferida da Academia. Não importa se você tem que superar outras pessoas, doenças, paralisia cerebral ou mosntros espaciais. desde que vc sofra muito, mas vença no final, é sucesso na certa. 90% dos filmes do Tom Crusie estão lá.

Zumbis - Vamos combinar, zumbi é uma categoria especial, não pode ficar na prateleira de terror. Afinal, qual a real diferença entre "Madrugada dos Mortos" e aquele filme do Cinema em Casa do SBT em que um adolescente vira um zumbi e "apronta altas confusões"? Nenhuma, né?

Orientais Voadores - Sim, eles precisam saltar bem alto se querem destronar ou reconduzir alguém ao trono. Todas as histórias orientais nessa nova safra de filmes onde pessoas voam tem que ou matar o tirano imperador ou levar ao trono um legítimo herdeiro destronado, não sem antes passar por um treinamento que envolve sabedoria e equilíbrio.

Guerra dos Sexos - Eles vão se matar durante todo o filme, mas sabe que vão ficar juntos no fim. E você ainda chora se assiste na TPM...

Em Busca das Gostosas - Precisa explicar?

Doença terminal - Uma pessoa vai morrer e vive a vida intensamente, nos últimos 60 dias. E você, na outra TPM, chora de novo.

Crianças - A emocionante história centrada e talvez até narrada por ela, tipo "Meu Primeiro Amor", "O ano que meus pais saiu de férias" e "Valentin".

E por assim vai, incluíndo também 'assaltos', 'alienígenas' e coisas que vocês com certeza estão pensando em comentar aí.