terça-feira, 19 de agosto de 2008

Manifesto Simplista

Eu não preciso ser idiota para ser simples, eu posso gostar de coisas simples sem que para isso eu seja idiota.

Eu posso entender de cinema gostando e falando sobre o Batman. Eu não sou automaticamente um desaculturado se não gosto de filmes iranianos onde criancinhas irritantes perdem seus sapatos.

Eu não preciso citar Focault para mostrar que entendo sobre a sociedade. Eu posso entender mais que Focault sobre sociedade ou não, mas você aí, babando no saco dele, não quer nem saber, se não o cito. Eu tenho o direito de citar Jece Valadão em vez de Marx.

Eu tenho o pleno direito de ser uma pessoa desapegada aos grandes debates históricos da humanidade. Eu tenho direito de fazer piada com a Ossétia do Sul, eu tenho o direito de não saber sobre a geografia do lugar.

Se eu quiser, posso não dar trabalho para minha cabeça. Saber sobre Nietzsche pode me interessar, mas na boa, não farei prova nenhuma sobre ele.

Eu quero o direito de ser simples, eu quero o direito de complicar só as coisas que eu escolher. Eu não nasci para o canudinho.

Eu tenho o direito pleno de achar que um monte de ferro retorcido dentro do MAM não acrescenta em nada a minha cultura. Eu gosto de Mozart, Chopin e Bethoveen, mas isso não significa que tenho que fingir que gosto dos outros.

Eu não quero ler a Veja. Eu me interesso mais pela Donatela do que pela capa da Época. Eu tenho o direito de alugar Laranja Mecânica e apreciar a sétima arte como entreterimento. Eu posso odiar Invaões Bárbaras exatamente por não ser entreterimento o bastante para fazer gostar dele. É só um espelho de quem gosta do filme. Eu entendo o que se passa em Adeus, Lênin, mas se eu quisesse, eu poderia gostar do filme só pela relação Mãe e Filho presente.

Eu não sou um idiota por ouvir Pop Rock. Eu não sou um intelectual por ouvir Chorinho e Jazz.

Eu posso gostar de frases avulsas de alguma escritora, sem que eu precise automaticamente achar interessante uma narrativa arrastada sobre ter comido uma barata.

Eu tenho o pleno direito de ser simples o bastante, quando eu quiser.